sexta-feira, 26 de setembro de 2008

E o lenço azul, onde foi parar? Não lembro mais. Não faço idéia. Só sinto falta dele. Talvez tenha voado pela janela e levado embora pelo vento em direção a alguma dimensão paralela ao infinito. Acho que nunca vou saber.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

sonho

Acordou naquela manhã antes mesmo de ouvir o inquietante som do despertador. Levantou e foi para o chuveiro. O dia estava frio, a água caía gelada, mas ela pouco se importou, não fazia diferença.
Vestiu-se, pegou todas as coisas e foi preparar uma xícara de café bem forte. Enquanto o café pingava da cafeteira para a xícara, finalmente lembrou do sonho; estava pensando naquilo desde a hora em que levantou e pisou no chão frio sem carpete. Não conseguiu lembrar detalhes, só sentiu o café quente escorrendo da xícara para a mesa e direto para o chão, finalmente queimando seu pé.
Certa de que iria terminar o dia com uma bolha de queimadura, mergulhou o pé numa bacia com água e gelo. Foi reconfortante, poderia passar o dia ali. Lembrou-se então do relógio que, mesmo com o lento e irritante "tic-tac", andava depressa e atrasava-a cada vez mais. Jogou a água fora e rapidamente tomou o resto do café, agora frio.
Enquanto escovava os dentes, lenta e calmamente, tentava lembrar detalhes do curioso sonho, mas tudo o que conseguiu foi gastar a água, que ia caindo enquanto ela delirava com a escova entre os lábios. E não adiantava, por mais que tentasse, parecia impossível lembrar daquele sonho. Mas ela persistia.
Abriu a porta da frente e se deparou com aquele dia cinza, onde o sol parecia não existir. Girou a chave, tirou da fechadura com certa dificuldade e guardou na bolsa. Como gostava de dias nublados resolveu ir caminhando, assim poderia pensar mais e tentar lembrar de tudo.
Atravessou a rua, passou por duas ou três casas e avistou um cachorro fazendo as necessidades. Achou incrível o fato do animal não se importar em ficar curvado ali, no meio da calçada, com o rabo para cima mostrando o pequeno ânus rosado. Preferiu dar o mínimo de privacidade ao animal e continuou andando. Durante todo o caminho insistiu no maldito sonho, mas não conseguiu lembrar nada.
Ao virar a esquina avistou o mar, que se confundia com o horizonte naquele dia pálido. Ainda pensando no sonho, fechou os olhos para sentir a brisa que vinha das ondas e percebeu: tudo o que tinha a fazer era voltar para casa e sonhar denovo.
Sentindo-se uma completa estúpida por não ter pensado em algo tão óbvio antes, deu meia volta e foi para casa.